Se nem o amor, nem a ambição, nem a grandeza puderam conquistar um coração, aí surge finalmente a vaidade, como sempre invisível, mas acompanhada de um séquito de paixões disfarçadas: desejos, dissimulações, preguiça e a inveja, todas embaladas numa roupagem modesta e trazendo no semblante, um ar humilde; já a vingança, a soberba, a rapina e a altivez vêm cobertas por nuvens de várias cores. É assim que a vaidade se introduz enganosamente, transfigurando os vícios para torná-los apetecíveis, de modo a instalar-se em nós como um inimigo oculto e traidor. Somos sábios para tudo, menos para nós mesmos: é muito difícil aprendermos a arte que nos livre da presunção; até o espelho, só é aceito quando nos exalta, nunca quando revela nossas deformidades.
Médico (Faculdade de Medicina da USP), Membro Efetivo e Analista Didata da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, da qual foi Presidente. Organizador dos Encontros Bienais da SBPSP e Editor das publicações correspondentes. Autor de Sismos e Acomodações: a Clínica Psicanalítica como Usina de Ideias (Rosari, 2003); Dante e Virgílio: o resgate na selva escura (Blucher, 2017) e Vaidade: a sedução pelo desejo mimético (Blucher, 2021). Autor e tradutor de diversos artigos sobre psicanálise aqui e no estrangeiro, bem como docente sobre a obra de Bion em cursos ministrados no Brasil e no Exterior.
1. Introdução
2. O Homem e Seu Tempo
3. O Espírito não mente
4. Reverberações das “Reflexões”
5. Carta sobre a Fortuna
6. Os “filósofos” moralistas
7. Vaidade: a sedução pelo desejo mimético
8. Freud e a vaidade: uma inesperada surpresa
9. O Édipo Mimético: um exemplo mítico do mecanismo do “Bode Expiatório”
10. A ubiquidade contemporânea da imitação
Bibliografia