A maternidade é uma travessia, e também um atravessamento. Rua que se abre na vida de quem é concernido por ela, às vezes como via de mão única. Paula Nogueira acende lâmpadas nesse rumo, alcançando a proeza de unir um ponto de vista teórico agudo e a percepção atenta dos fatos expressa pela palavra sensível. A autora nos guia na compreensão do desafio da maternidade, fenômeno que somente os ingênuos podem ainda considerar natural.
Certo é que não há nada mais definitivo do que a maternidade quando se trata de fazer a descoberta da alteridade que constitui nosso ser. Com ela, entendemos que o contrário do nascimento não é a morte, mas o abandono e o desamparo. Diante da mística da maternidade, que apaga o fato existencial do nascimento, este livro nos habilita à reflexão e, nos aproximando do ato definitivo de dar à luz, emociona como se pudéssemos entender o que nascer e fazer nascer pode significar.
Márcia Tiburi
Psicanalista, nascida no interior de São Paulo, passou a infância e a adolescência no Mato Grosso do Sul. Formada em Psicologia pela PUC-SP, fez mestrado e doutorado na Universidade de Brasília (UnB). Recebe em seu consultório crianças, adolescentes, adultos e pais com seus bebês. Viveu no Brasil, na Bolívia, na Suíça e na França. Nos últimos anos, tem acompanhado pacientes no Brasil, mas também nos quatro continentes, desenvolvendo uma clínica transnacional e multicultural. É mãe de duas mulheres.
Prefácio: um bebê nasce, em uma mãe e na história
Apresentação
Introdução
1. Nascer e morrer: dar à luz os paradoxos
2. O que a cesárea corta
3. Nascimento: cesura, costura e o umbigo como cicatriz
4. Nascimento: castração, cataclisma, catástrofe
5. O tempo e o ritmo: a entrada do bebê na órbita materna
6. O nascimento e a clínica psicanalítica: vir à luz,
desvelar
Considerações finais
Referências