As tatuagens in memoriam em leitura psicanalítica
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Enquanto signo não standard de luto, as tatuagens surpreendem pela rápida e ampla absorção não só entre jovens. Quando iniciamos nosso estudo, nos perguntávamos sobre o estatuto desse signo e sua função no luto, intrigados como estávamos se esse tributo não seria apenas mais uma “nova onda ornamental” no contexto da banalização da morte e do luto ou até mesmo uma forma de negação. Mas quem realmente teria a palavra para dizer o que se passa senão os sujeitos tatuados por ocasião de luto?
Se atualmente o luto é vivido solitariamente, sem contar tanto quanto no passado com o suporte dos ritos e do público que o acompanhava, sobra cada vez mais para o sujeito a tarefa de encontrar ou inventar um modo particular de ritualizar o pesar fazendo valer o direito à memória e à rememoração (logo, comemoração) dos mortos.
Nesse contexto, as novas expressões de luto parecem responder à persistente necessidade humana de fabricar signos para se lembrar dos mortos conferindo-lhes alguma duração. Mas não só. No luto que abre um “furo no real”, convoca-se nada menos que todos os recursos simbólicos e imaginários para forçar, no furo, uma escrita possível da perda. Se “a pele é o que há de mais profundo no homem”, como escreveu o poeta, a tatuagem in memoriam transita entre dois registros, o do visível e o do invisível. Sua presença é uma sombra, a marca de uma ausência irremediável.
É psicanalista membro do FCL de São Paulo e formada em Psicologia pela UFPA. Migrou para São Paulo na década de 1990 decidida a iniciar uma formação em Psicanálise, lugar onde ainda habita e exerce a prática clínica. Concluiu mestrado em Ciências pela Unifesp em 2009 e doutorado em Psicologia Social pela PUC-SP em 2015. Por anos lecionou disciplinas relacionadas à teoria psicanalítica e acompanhou alunos em estágio supervisionado no curso de Psicologia da Uninove. No serviço público, prestou atendimento tanto em unidade de tratamento para idosos quanto em UBS. Ainda na Secretaria Municipal da Saúde (SP), atuou como docente do Projeto Rede Sampa (Educação Permanente em Saúde Mental).
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