Diálogos inquietantes
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Fernando Pessoa, Kafka, Musil, Rilke inauguram uma literatura que toma as relações da palavra consigo própria como um ato de primeira ordem num mundo sem certezas. Mas, para Pessoa, a questão central é a existência do sujeito, o que convida a psicanálise a um inquietante diálogo com sua obra. De fato, um efeito hiperbólico da ficção é inseparável da heteronímia: nossas lembranças, nossa história e identidade seriam mera ficção? Ameaça também necessariamente presente na psicanálise, tal é a tese deste livro. Nesse caso, em que pese a recusa veemente de Freud, cabe falar em ficcionalidade da psicanálise, isto é, uma abertura entre ficção e realidade sem a qual a psicanálise não poderia existir...
É psicanalista, doutor pela Universidade Paris VII, professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP) e membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae e da Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental. Coordena, com Christian Dunker e Vladimir Safatle, o Laboratório de Teoria Social, Filosofia e Psicanálise da USP. É autor dos livros "Le fictionnel en psychanalyse: une étude à partir de l’oeuvre de Fernando Pessoa" (Presses Universitaires du Septentrion, 2000) e "Linguagens e pensamento: a lógica na razão e desrazão" (Casa do Psicólogo, 2007) e coorganizador dos livros "Histeria & gênero" (nVersos, 2014) e "Patologias do social: arqueologias do sofrimento psíquico" (Autêntica, 2018).
Saiba mais
Agradecimentos
Introdução: O que Fernando Pessoa permite ler em Freud?
Parte 1
A heteronímia como avesso da metapsicologia
1. Modelos de subjetividade em Fernando Pessoa e Freud: da catarse à abertura de um passado imprevisível
2. “Um estado de alma é uma paisagem...”: explorações da espacialidade em Fernando Pessoa e Freud
3. O lugar de ninguém: ausência e linguagem na situação analítica
Parte 2
O espaço social e o sujeito da diferença
4. O mal-estar na identificação: diferenças entre Fernando Pessoa e o sujeito pós-moderno
5. Freud e a ontologia romântica da subjetividade: o universal e seus efeitos resistenciais na escuta analítica
Parte 3
Perspectivas do abismo e hermenêutica aberta
6. O abismo fonte do olhar: a pré-perspectiva em Odilon Moraes e a abertura da situação analítica
7. “Who’s there?”: a desconstrução do intérprete segundo a situação psicanalítica
Parte 4
Uma passagem inquietante: a psicanálise entre ciência e literatura
8. A ficcionalidade da psicanálise: hipótese a partir do inquietante em Fernando Pessoa
9. Fernando Pessoa, sofística e psicanálise: o inquietante como sintoma da cisão entre ciência e literatura