Estudo sobre a experiência do autista na linguagem e com a palavra
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O que a autora oferece à leitura é fruto de seu intenso esforço em registrar o que sua prática com crianças, efetivamente clínica, lhe transmitiu. Assinala-se que ela não trata das crianças conformadas aos ideais sociais, mas, justamente, aquelas que desde a primeira infância se contrapõem a padrões de normalidade perseguidos pelo discurso vigente.
Cirlana propõe considerar algumas apresentações pelas quais a linguagem pode incidir numa modalidade de corpo, conjugando-se na estruturação de um sujeito qualquer, focalizando formas surpreendentes. Assim, a autora se dedica a destacar, nos autistas, os efeitos paradoxais incomensuráveis que tangenciam certas operações de linguagem que se redobram sobre ela mesma para negá-la, assim, perpetuando-a.
A densa trajetória aqui tramada fisga o leitor, exigindo interesse e esforço, posto que convoca o clínico a transitar por uma constelação tensionada por conceitos pouco tratados que resistem à biunivocidade e ao mero encobrimento. É o que acirra o necessário debate sobre o furo da linguagem que, num só tempo, mantém-se incluído e em exterioridade a ela.
Angela Maria Resende Vorcaro
Psicanalista e membro da Haeresis Associação de Psicanálise (Uberlân-dia-MG) com formação acadêmica em Psicologia e Letras, e doutora em Estudos Linguísticos pelo Instituto de Letras e Linguística da Universidade Federal de Uberlândia, Minas Gerais. Fez Residência Pós-Doutoral no Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. Realizou pesquisas em torno do tema linguagem e constituição do sujeito, autismo e clínica com crianças. Atua na clínica pública e privada com crianças, adolescentes e adultos. Participa, organiza e realiza grupos de estudos, cursos e supervisão a partir da experiência com a psicanálise.
Parte I – O autismo como estrutura (não)borromeana: primeiras
aproximações
1. O que é estrutura
em psicanálise?
2. A estrutura no
simbólico: a cadeia significante
3. A estrutura (do)
Real: topologia borromeana
4. Um adendo sobre o
grande Outro
5. A estrutura
topológica de borda e os objetos
6. O nó borromeano:
escrita do inconsciente
7. A estruturação
borromeana
8. Das primeiras elaborações sobre o autismo como estrutura (não)borromeana
Parte II – Autismo:
estrutura subjetiva em psicanálise
9. Elementos
simbólicos e suas relações que compõem as estruturas
10. Um centro de saber e o corte que o faz esvaziado
11. A proposição de Rosine Lefort e Robert Lefort
12. A demanda e o desejo no autismo
13. Distinção estrutural
14. Traços das distinções estruturais e as ficções que
estruturam a realidade psíquica
15. A proposição do autismo como estrutura topológica: estrutura de borda e estrutura topológica (não)borromeana
Parte III – Recusa
aos desdobramentos significantes e renúncia ao saber suposto pelo outro: a
trajetória da negação no autismo
16. Princípios das
negativas em psicanálise: do Simbólico ao Real como presença vazia
17. A função
estrutural da negativa na psicanálise
18. A negativa no
inconsciente estruturado como uma linguagem: das negações na gramática à
negatividade do objeto
19. A negação como
ordenação lógica avant a seriação significante
20. A negativa como
barra: o nãotodo
21. A negação em O
aturdito
22. A negação na
constituição do sujeito
23. A negação no
autismo
24. O caso Dick
25. A voz no contexto das elaborações psicanalíticas
26. O que há de voz nos ditos de Dick?
Considerações finais
Referências