A relação do médico com o paciente insere-se na trama da sobrevivência. O paciente vê no médico a salvação, impregnando-o de uma aura de divindade. No fracasso, esse ser superior é transvestido de cores demoníacas. Já o médico, além da responsabilidade perante seus semelhantes, sofre as pressões da exaustão e da culpa pela falibilidade. Não se admira que lance mão de reações protetoras, exibindo às vezes distância e frieza.
A gratidão de ambas as partes é crucialmente posta à prova quando a impotência frustra dolorosamente e não se efetiva uma cura, uma melhora. Subliminarmente, uma parceria baseada em ficções: a do médico todo-poderoso e a do paciente exemplar que incorpora a intervenção infalível.
O paciente, quando desesperançado, se entrega à ilusão; o médico, perplexo, não consegue alcançá-lo com a razão. Eis que surge a relação de confiança, de respeito, muitas vezes de amizade; caberá nela o amor?
É psicanalista junguiana, psicóloga e professora doutora na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Obteve pós-doutorado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). É membro da Academia Paulista de Psicologia e Diretora de Psicologia da Associação Ser em Cena – Teatro de Afásicos.
Saiba mais
Agradecimentos
Prefácio
Introdução: entre cisões e integrações
Panorama e histórico da medicina moderna
A formação médica: o estudante, o residente, o médico
A medicina integral
A relação médico-paciente
Os processos de subjetivação no médico
A subjetivação do paciente: o processo de adoecer
Empatia, poder e amor