Por uma Atitude Epistemofágica Transformadora das Relações de Poder-Saber na Sala de Aula
Alívio e tensão. Uma voz dentro da academia rompe o silêncio sobre o que parece ser o moto contínuo da educação literária na universidade: a manutenção da engrenagem canônica - teoria, crítica e história literária em torno de antigos e novos textos clássicos. Rompe indagando sobre o sentido desses estudos para as leitoras em formação e as já formadas, ou seja, as professoras formadoras. Das salas de aula de literatura, a pesquisadora ouve inicialmente coros em uníssono, consensuais em suas interpretações literárias baseadas nos estudos acadêmicos e na crença no valor inquestionável da literatura. Como um Bakhtin acuado, estranha a ausência da polifonia, de vozes interpretando outros cantos, dos esforços desafinados. Ao fundo, somente o som da engrenagem.
Retornando às salas, reencontrando as participantes do coro, questiona: que concepções de literatura e de educação literária propiciam a transformação de salas de aula de literatura em ensaios de cânticos monofônicos? Que outras concepções podem permitir que as vozes abafadas ou silenciadas atuem nos palcos literários que essas salas poderiam ser? Haveria espaço na sala de aula para alunas e professoras confrontarem suas subjetividades e se engajarem em cânticos polifônicos, talvez mais distantes dos anjos, mas mais próximas e atentas umas às outras como seres linguajantes que somos? As respostas vêm na performance deste texto, ele próprio tenso em sua polifonia.
É doutora em educação literária pela USP, tem pós-doutorado em globalização e estudos culturais no Canadá. Leciona Inglês e Lingüística Aplicada na UFPR, onde orienta na graduação e na pós-graduação. Tem atuado constantemente junto a professores de inglês da escola pública. Seus principais interesses de pesquisa estão em letramento crítico, ensino de línguas e literaturas; formação de professores, discurso e identidade; implicações discursivas de noções de desenvolvimento e globalização; práxis pós-estruturalista e pós-colonial especialmente ligada a noções de discurso e representação.
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