Com esta dissertação se pretende argumentar que existe coerência entre a ética utilitarista e o projeto Panóptico, obra de Jeremy Bentham - filósofo utilitarista inglês do século XVIII - que descreve os princípios a serem obedecidos na construção do espaço físico e na organização das formas de relação entre os envolvidos quando é preciso controlar o comportamento das pessoas, mantendo-as sob contínua inspeção. Partindo-se de uma visão geral do utilitarismo clássico através dos escritos de Bentham e analisando a interpretação e critica de Michel Foucault em sua obra "Vigiar e Punir", tenta-se demonstrar que há um certo entendimento do Panóptico que só é possível a partir de sua associação com a teoria utilitarista, o que não é o caso da análise de Michel Foucault. Por não utilizar o referencial utilitarista em sua análise, ele atribui ao Panóptico características que parecem ir além da proposta de Bentham, minuciosamente elaborada para expressar a utilização de princípios da ética utilitarista na solução de graves problemas sociais de uma certa época. Trata-se aqui de uma tentativa de atribuir ao Panóptico o status de uma obra utilitarista, fruto do trabalho de um pensador comprometido com os problemas sociais de seu tempo.
O utilitarismo clássico ocupou-se de questões éticas como a pobreza, o sofrimento e a justiça, posicionando-se em favor da eliminação da miséria e da diminuição do sofrimento humano através da criação de mecanismos com os quais se procura realizar um certo conceito de justiça social. Nesse contexto surge o Panóptico, com o objetivo de resolver determinados problemas práticos derivados da aplicação do princípio de utilidade. Esse trabalho pretende mostrar que, ao considerar o Panóptico simplesmente como um mecanismo de exercício de poder baseado na vigilância e na coerção, Foucault, não só atribui ao Panóptico características distintas das consideradas pelo seu autor, como contribui para o entendimento fragmentado da ética utilitarista e da obra de Bentham. Trata-se, portanto de aproximar o Panóptico da ética utilitarista e do pensamento sistemático do próprio Bentham, visando uma melhor compreensão dos elementos que o constituem.
Mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2003), especialização em História Contemporânea pela Universidade Federal de Uberlândia (1998), especialização em Gestão Estratégica de Marketing pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, graduação em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (1997), graduação em Letras - Faculdade de Filosofia e Letras. Prof. José. A. Vieira (1993), gradua-ção em Ciências Contábeis - FAC. de Administração. e Finanças de Machado (1990). Professor assistente III da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Tem experiência na área de Filosofia com ênfase em Ética, é profes-sor de Cultura Religiosa, Filosofia, Sociologia e Antropologia. Coordena proje-tos de extensão da PUC Minas em comunidades carentes de Poços de Cal-das/MG e Águas da Prata/SP nas áreas educacional, geração de renda e meio ambiente.
Saiba mais
Introdução
Capítulo I - O movimento Utilitarista Clássico
1. Visão Histórica
2. Utilitarismo de atos e de regras
3. Utilitarismo em Bentham
4. Utilitarismo e justiça
5. Bentham e as leis penais
Capítulo II - O Panóptico
1. Considerações gerais
2. As cartas
3. O Panóptico e o utilitarismo
4. O panoptismo
Capítulo III - O panoptismo de Michel Foucault
1. O poder
2. O panoptismo em "Vigiar e punir"
Capítulo IV- Os interlocutores de Bentham e Foucault
Conclusão
Bibliografia