O livro está em sua 4ª edição, revista e ampliada.
Negar a mensagem embutida na garrafa do sintoma é obrigar o paciente a dobrar a aposta em sua manifestação do desencontro entre a experiência no mundo e sua capacidade de sustentá-la simbolicamente sem padecer demais. Negar as formas próprias de construção de uma relação com um corpo que não cessa de pulsar é deslegitimar o que foi possível fazer com a precariedade constitutiva.
Ser herdeiro de Freud é assumir a revisão constante de nossas próprias formulações para delas extrair o máximo. Rubens Volich faz parte dessa tradição de autores que mostra que o psicanalista se revela a partir de uma ética e não por qualquer título que se possa acumular.
Neste livro, ele faz um levantamento rigoroso de diferentes representações da hipocondria ao longo dos séculos e dos caminhos pelos quais estas foram progressivamente descartadas pela linguagem médica contemporânea. Além de sua instigante interpretação e manejo das manifestações da hipocondria, Volich reconhece a dignidade das saídas do sujeito diante do inexorável do sexual e da morte.
– Vera Iaconelli
Jornal de Psicanálise: resenha
Psicanalista, doutor pela Universidade de Paris VII (Denis Diderot), membro do Departamento de Psicossomática Psicanalítica do Instituto Sedes Sapientiae e professor do curso de especialização deste mesmo departamento. Trabalhou em serviços de oncologia, mastologia e clínica médica em Paris e em São Paulo, promovendo a sensibilização à escuta do inconsciente e a prática transdisciplinar de equipes clínicas e didáticas. É autor dos livros Tempos de Encontro: Escuta, escrita, psicanálise (Blucher, 2021), Psicossomática, de Hipócrates à psicanálise (8ª ed. Blucher, 2022) e Segredos de mulher: diálogos entre um ginecologista e um psicanalista, em coautoria com Alexandre Faisal (Atheneu, 2010), e coorganizador dos cinco livros da série Psicossoma (Casa do Psicólogo) e de Psicanálise e psicossomática: casos clínicos, construções (Escuta, 2015).
Saiba mais
Prólogo à quarta edição
Introdução
1. Imagens de uma história
A hipocondria na Antiguidade: da epilepsia à melancolia
A hipocondria, entre a paixão e a razão
Hipocondria e histeria, estranhas familiares?
A psiquiatria, a psicopatologia e a hipocondria
Doença imaginária, doença da imaginação
Do inconsciente ao corpo imaginário
2. Visões freudianas
A hipocondria e a primeira nosografia psicanalítica
A função da dúvida e da ambivalência
Projeção, paranoia e hipocondria
Narcisismo e hipocondria
Hipocondria e funcionamento onírico
A hipocondria e a constituição do psiquismo
A alucinação, do corpo à pulsão
3. O corpo, outro em si
Hipocondria, patoneurose, neurose de órgão
O corpo, das sensações à imagem
A hipocondria entre os objetos externos e internos 0
Hipocondria, defesas e impasses terapêuticos
Transferência e hipocondria
4. O corpo entre o trauma e os ideais
Mal-estar no corpo
Corpos sãos?
O corpo entre a organização e as desorganizações 7
As marcas dos ideais 0
As galés voluntárias
5. Horizontes médicos
“Calma”
Sentir
Compreender
Lembrar
Classificar
Analisar
Conhecer 1
Refletir
Fragmentar ou indiscriminar?
6. Desafios
Gritos, sussurros e silêncios
A perda e suas representações
A clínica à escuta do corpo
Corpo a corpo
O paradigma hipocondríaco da clínica
Razões e despedidas